10 anos DevOpsDays e quem recebe o presente sou eu

November 11, 2019    devops devopsdays brasil

Esse ultimo fim de semana foi muito intenso pra mim, eu fui aceito para fazer minha primeira palestra internacional, e foi no aniversário de 10 anos do DevOpsDays. A palestra foi em Ghent, onde tudo começou, com as pessoas que começaram a cultura DevOps ali na plateia.

Minha primeira palestra em inglês

A minha palestra era sobre o crescimento da comunidade DevOpsDays no Brasil, como saímos de 2 para 15 eventos por ano. Sobre as nossas dificuldades e o que fizemos para lidar com os problemas.

Falei sobre como nosso o Brasil é grande e como temos diferenças econômicas e sociais entre diferentes regiões. Falei também como é importante focarmos esforços em locais com comunidades menores. Por fim, falei como esses eventos de fato mudam a vida das pessoas.

Pessoas que tinham pouca ou nenhuma perspectivas, que através de exemplos, ajuda com materiais e um pouco de esforço mudaram suas vidas. Não quero aqui fazer nenhuma propagada a meritocracia. Não é isso que quero falar. Quero dizer que DevOps é uma moda, oferece melhores empregos, mas agora felizmente temos eventos, BONS eventos, com conteúdo de alto nível acontecendo perto das pessoas. Elas não precisam pagar absurdos para viajar, hospedagem para ter acesso a esse conteúdo, networking e afins.

E por isso que contínuo a dizer. A comunidade brasileira, que forma O DevOpsDays Brasil, está sim mudando a vida das pessoas e o melhor, não porque isso é interessante para uma empresa A ou B. É importante para as pessoas. Da comunidade para comunidade.

Todos Juntos em Ghent

Ainda no DevOpsDays Ghent, no final da palestra fiz questão de chamar todas as pessoas que organizam DevOpsDays no Brasil, e que estavam em Ghent, a subirem no palco comigo, pois os aplausos não era apenas pra mim, eu não mereço isso sozinho.

Aquilo foi simbólico, mas muito poderoso. Muitas pessoas de outros eventos vieram nos procurar, conversar conosco, aumentar o intercâmbio entre os eventos de diferentes países.

Nunca imaginei que meu nome e do Brasil seriam citados tantas vezes em outras palestras, de pessoas que considero tanto. Eu quase chorei em várias palestras. Foi muito impactante e forte.

Um filme passou pela minha cabeça. Desde 2015, quando tive a ideia de reviver o DevOpsDays no Brasil, pois ele tinha sido feito pela ultima vez em 2010. Quantas reuniões eu tive, quantas tentativas que se frustaram pelos mais diferentes motivos, mas em 2016 conseguimos fazer em Porto Alegre, onde a comunidade local abraçou vigorosamente o evento e nos deu força para continuar.

Em 2016 lá estavam Guto Carvalho e Miguel Di Ciurcio no primeiro ano. Patrocinando o evento e até mesmo ajudando na gravação das palestras do DevOpsDays Porto Alegre 2016. Eu digo e repito, Guto Carvalho sempre foi e sempre será o nome por trás do DevOps no Brasil.

Não posso deixar de agradecer a Guilherme Elias, Diogo Lucas e Somatório, que estavam lá organizando junto comigo esse evento e me apoiando até mesmo em questões pessoais.

Muita coisa aconteceu comigo naquele ano, nossa, como aconteceu. Eu fiquei devastado, mas continuar era preciso. No ano seguinte indo pra Salvador realizar o evento na minha cidade natal. Nossa, lembro como hoje a alegria de ver tanta gente naquela sala cheia, onde muitos insistiam a dizer que não daria certo (“Ninguém vai a eventos em Salvador, Rafael, tira essa ideia da cabeça, foca em São Paulo”).

Quem apostaria em uma cidade que não estava comercialmente atrativa em 2017? A CodeOps e LinuxTips de Mateus Prado e Jeferson Noronha, e a K21, que bancou a ida de Wellington pra lá. Vale salientar que Mateus Prado bancou do bolso a ida a tantos DevOpsDays que eu nem sei. Ele é uma pessoa incrível, isso sem falar no profissional absurdo que é. Obrigado de verdade. O DevOpsDays é o que hoje por conta de pessoas como Mateus Prado. Eu nunca vou conseguir retribuir isso.

Tantas coisas aconteceram nesses DevOpsDays, muitos momentos felizes, muitos reencontros, inspirações e momentos de tristeza também. Lembro de eu quase ter chorado na minha palestra em Fortaleza, falando sobre carreira DevOps, chorei mais ainda no ano seguinte ter pessoas me dizendo que minhas palavras ajudaram a conseguir empregos novos e melhores. Nossa! Foram apenas palavras… eu fico grato, de verdade.

Lembro como hoje de estar profundamente cansado em um DevOpsDays, ali no canto da plateia, pois tinha passado por umas semanas difíceis, mas não poderia deixar de estar presente para prestigiar, e meu grande amigo, que já considero quase como anjo, Fernando Ike, chegou em mim e perguntou “Tá tudo bem?” “Tudo vai passar cara, fica tranquilo” Foram só palavras… mas que palavras, hein?

Não posso deixar de citar o que rolou lá em Ghent, antes da minha palestra, as pessoas percebendo meu nervosismo, se voluntariam para revisar minha palestra (Obrigado Michelle), pra conversamos sobre ela e dizendo que tudo acabaria bem. Foram só palavras… mas que palavras, hein? Valeu também Gleydson

Foi muito esforço coletivo, muita gente mesmo, muitos laços bacanas e em Ghent foi assim, Brasil no topo, e todo mundo tava lá pra levantar a taça.

Eu, Somatório e Patrick

Pra coroar tudo que fizemos em Ghent, Somatório foi convidado para fazer parte do Core Team. Ele ficou tão feliz, que sua felicidade me contagiou profudamente. Ele é realmente alguém comprometido com o sucesso do evento no Brasil. Eu diria que ele é como se fosse a ideia do DevOpsDays em pessoa, carne e osso. Comunidade para comunidade. Somatório é uma daquelas pessoas que você tem sorte de conhecer na vida, sabe? Daquelas que nascem a cada 50 anos.

Eu nunca imaginaria que chegaria a esse ponto. Pode parecer que estou fingindo, que tudo isso não passa de uma grande mentira, mas é verdade. Eu nunca, nem mesmo nos meus sonhos mais profundos, imaginei que eu chegaria tão longe, ainda mais da forma que está sendo.

Não é como se eu não desejasse isso, eu sempre desejei ser aceito, recompensado ou coisa do tipo, mas nunca imaginei dessa forma, de uma forma tão coletiva. De uma forma tão nossa. Não é sobre eu estar sendo reconhecido apenas, é sobre o Brasil está no mapa, está nas falas das pessoas.

Não é sobre carreira apenas, é sobre construir algo em comunidade, não é sobre dinheiro apenas, mas sim sobre reconhecimento coletivo, sobre se ajudar, é definitivamente sobre cuidar uns dos outros.

Tivemos alguns problemas? Claro que sim, mas estamos aqui pra aprender com nossos erros e melhorar nossas atitudes e posicionamentos.

Por hora, ainda sigo em êxtase sobre o que aconteceu, pois alguns de vocês estavam lá e isso foi mais importante do que qualquer coisa.

Obrigado a todos, por tudo que fizemos juntos até agora.

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